domingo, 22 de maio de 2011

Política Brasileira: mais do mesmo


A questão envolvendo o Ministro da Casa Civil Antônio Palocci afeta diretamente o núcleo do governo Dilma já que o acusado faz parte do centro nervoso desse novo governo. Mais uma acusação contra o gato de sete vidas Antônio Palocci. E mais uma vez a reação dos caciques do PT, inclusive do ex-presidente Lula, é sair em defesa do político de Ribeirão Preto que tinha voltado a cena política após os escândalos de 2006, ainda no governo Lula. Na época pesou contra Palocci a acusação de tráfico de influência, o caso tornou famoso o caseiro Francenildo Costa que em depoimento na Câmara confirmou a presença assídua do então Ministro da Fazenda na chamada casa do Lobby em Brasília. Foi o caseirogate.
Essa seria uma excelente oportunidade para a oposição ganhar terreno e se afirmar como uma opção ao projeto de governo petista, porém não parece que os partidos opositores estejam preparados para isso. A desintegração iminente do DEM, que vive uma fase antropofágica, é apenas um sinal da fragilidade dos conservadores. O antigo PFL passou por mudanças cosméticas para ser conhecido como Democratas mas parece que a mudança não deu certo. A dita renovação a partir da liderança de Rodrigo Maia, filho de César Maia, gerou rachas internos e o fim está próximo. O surgimento do PSD do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab também não deve trazer nada de muito novo para a oposição. O prefeito paulistano definiu o partido como “aquele que não é de esquerda, não é de centro e nem é de direita (...)”.  
O PSDB, partido criado a partir de uma divisão interna no PMDB em 1987, e que na teoria teria o papel de exercer liderança neste oposição, também não parece organizado para tal. Aécio Neves, o nome do partido, não consegue neutralizar a cambaleante porém resistente ala paulista do tucanato, que insiste com velhos nomes reprovados nacionalmente, como Serra e Alckmin. Neste ritmo o partido da social democracia encolherá cada vez mais e dificilmente voltará ao poder em 2014, vide a impopularidade dos tucanos em praças tradicionais como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Soma-se a isso o fenômeno Marina Silva que nas últimas eleições presidenciais surpreendeu meio mundo com o número de votos obtidos. Há um risco claro para o PSDB, o perigo Verde. Nem tanto pelo Partido Verde mas mais pela figura de Marina que cativou o eleitor da classe média e que possui um maior grau de leitura. As opiniões éticas e o tema ecologia ajudam na boa imagem da política acreana. Assim como enfraquecem. Muitos consideram limitador a militância de Marina Silva na área ambiental e que suas opiniões, ditas radicais, não serviram para governar pois sofreria o choque da realpolitik.
E talvez tudo isso seja sofisticado demais para a nossa classe política. Tirando uns poucos se contam nos dedos aqueles que estejam preparados ou dispostos para um debate sobre política na mais importante acepção da palavra. Falta inclusive a esses políticos qualquer noção de  bom senso, ou o que dizer do caso dos vereadores do rio e a compra de 51 carros de luxo? Ou o uso do cartão corporativo para comprar tapioca, como fez o Ministro dos Esportes? Ou no caso das viagens pagas pelos contribuintes às referidas autoridades e que custam ao erário público verdadeiras fortunas, com resultados para lá de discutíveis.  Para não dizer que tudo é desesperança essa semana um vídeo virou hit na rede ao mostrar uma professora do Rio Grande do Norte, chamada Amanda Gurgel, falando poucas e boas para deputados estaduais. Foi um desabafo que  muitos gostariam de fazer mas falta oportunidade ou coragem e isso na faltou à professora Amanda. Irônica, educada, sardônica e controlada apontou o dedo para aqueles que, como ela mesma disse, deveriam ficar constrangidos e não ficam.  E pior, servem de exemplo para o todo, legitimando a corrupção e a desonestidade nos mais diferentes níveis da sociedade. 

professor Orlando Stiebler
    

Entenda o caso Antônio Palocci: o fio da meada
1- Na edição deste domingo (15), o jornal Folha de S. Paulo denuncia que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, semanas antes de assumir o cargo de ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, teria comprado um apartamento de luxo em São Paulo por R$ 6,6 milhões.
2- Um ano antes, Palocci teria adquirido um escritório em São Paulo por R$ 882 mil. Os dois imóveis foram comprados por uma empresa da qual ele possui 99,9% do capital.
3- Em 2006, como deputado federal, Palocci teria declarado um patrimônio de 375 mil em valores corrigidos pela inflação: uma casa, um terreno e três carros, entre outros bens. Com o apartamento e o escritório, Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio nos quatro anos em que esteve na Câmara, período imediatamente posterior à sua passagem pelo Ministério da Fazenda, no governo Lula, segundo a FSP.
4- Procurado pelo jornal Folha de S. Paulo, Palocci teria dito que as compras foram feitas com recursos da sua empresa, a Projeto Administração de Imóveis. O ministro não identificou seus clientes nem informou o faturamento da empresa.
5- Registros da Junta Comercial obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo revelam que a Projeto foi criada como consultoria e virou administradora de imóveis dois dias antes de Palocci chegar à Casa Civil. O ministro disse que os dois imóveis que comprou são os únicos que a Projeto administra.

2 comentários:

  1. Professor, bom dia:

    Não temos mais oposição.O PSDB e o DEM(quase morto) acham que ainda são governo. Se imaginassem que são oposição teriam feito alguma coisa já no caso do Mensalão. Quando se fala em Antônio Palocci, a oposição já tinha a faca e o queijo para detoná-lo no caseirogate. Fez isso? Não. Vai fazer no momento presente? Não
    Ninguém multiplica o valor do patrimônio em 20 vezes em tão pouco tempo. Só os petistas aloprados acreditam nisso.
    Essa problemática vai servir no máximo para uma eventual questão de prova

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  2. É verdade, concordo com você em gênero, número e grau. Seguindo o seu pensamento o prórpio Lula foi polpado por essa mesma oposição quando do escândalo do mensalão, blindado, quase não foi afetado. O mesmo deve acontecer agora com a Dona Dilma.
    Que venham, pelo menos então, as questões de prova!
    abraço

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