domingo, 8 de maio de 2011

E agora após a morte de Osama Bin Laden?


 A  morte de Osama Bin Laden, há muito uma obsessão dos norte-americanos e que  acontece quase 10 anos após os episódios do 11 de setembro, abre espaço para diferentes debates.  O mundo está mais seguro após a eliminação do terrorista? O Paquistão, local onde se abrigava Bin Laden, foi omisso ou conivente? A operação americana pode-se considerar legítima?   Essas são algumas poucas questões que merecem atenção e ajudam a explicar a chamada guerra contra o terror, iniciada nos anos George W. Bush.



Em primeiro lugar uma questão levantada pelo próprio presidente Barack Obama sobre a segurança internacional. Em pronunciamento após a morte do terrorista, Obama, num tom altamente patriótico, fala aos seus cidadãos e aos do mundo todo, como se a morte de Bin Laden fosse o capítulo derradeiro na história do terrorismo. Trata-se de uma bravata, de um exagero de retórica  do mandatário norte-americano já que a Al Qaeda continuará exercendo o mesmo fascínio sobre grupos radicais islâmicos e atuando no mesmo papel de antes.  A organização, que em português significa “a Base” serve de inspiração para diversos outros grupos que agem em todo mundo.  Muitos dos atentados  ao redor do planeta ganham a chancela da Al Qaeda porque seus autores se assumem como integrantes da organização, muitas vezes sem  qualquer relação com a mesma. 
 Ao mesmo tempo o modus operandi  da Al Qaeda é seguido a risca por diversos outros grupos de radicais muçulmanos. Um bom exemplo são as ações terroristas que ocorrem na Rússia motivadas por questões separatistas e que incluem técnicas disseminadas por Bin Laden desde os anos 90. Líderes separatistas chechenos, como  Shamil Basayev morto em 2006 pelo serviço secreto russo, se aproximaram do terrorista saudita e verdadeiras carnificinas foram vistas na região, sendo o caso mais dantesco o episódio da escola de Beslan, onde centenas de crianças foram seqüestradas e mortas, após atabalhoada intervenção dos militares russos.  A própria fonte de inspiração da Al Qaeda continua firme e forte em seus propósitos político-religiosos. Trata-se da Irmandade Muçulmana, organização disseminada em dezenas de países e que também se opõe aos chamados islâmicos moderados, voltando a sua Jihad ( “guerra santa”) contra os próprios muçulmanos. Portanto é pouco provável que após a eliminação de Osama o mundo fique realmente mais seguro.
 Osama Bin Laden foi morto nos arredores de Islamabad, capital paquistanesa, após operação dos SEALs, o Bope da marinha americana. A ação não teve o prévio conhecimento de qualquer autoridade paquistanesa já que havia o receio de vazamento de informações do plano. A operação, batizada de Geronimo, foi planejada desde agosto de 2010 e durou cerca de 40 minutos, com helicópteros que invadiram a fortaleza do terrorista. Fortaleza essa que chamou a atenção pela ausência de telefone ou internet e que passou a ser monitorada pela agência de inteligência norte-americana , a CIA. Em seu discurso o presidente Obama deu ênfase ao heroísmo das tropas de elite e mencionou brevemente o presidente paquistanês Asif Ali Zardari, como mais uma vítima do terrorismo da Al Qaeda.  Será mesmo? 

 Bin Laden não estava escondido nas cavernas remotas do Afeganistão, como esteve. E nem em lugarejos remotos do Sudão ou da Somália como se aventou.  O caçado estava em uma cidade turística do Paquistão chamada Abbottabad, a 50  quilômetros da capital vivendo confortavelmente.  Além disso, havia ainda uma estranha proximidade da fortaleza a um complexo militar nevrálgico para o exército paquistanês e ao quartel-general dos serviços secretos (ISI) do país, o que faz com que muitas pessoas desconfiem de como Osama Bin Laden conseguiu passar despercebido das autoridades nacionais por tanto tempo, estima-se que o terrorista esteve por ali por pelo menos 3 anos. As relações entre EUA e Paquistão se desgastaram muito nos últimos anos. Desde a guerra do Afeganistão, inciada em 2001, essa relação de parceria foi se tornandio conflitante, e o pivô desse desgaste foi a política americana de proximidade com a Índia.  Em tempos de George W. Bush acordos nucleares foram assinados com o governo de Nova Délhi irritando aos autoridades do vizinho rival Paquistão. Até mesmo  a declaração de apoio norte-americano, feita por Obama à Índia para o conselho permanente da ONU é motivo de discórdia.  Os dois países, Índia e Paquistão, mantém forte rivalidade desde os anos 40, e que tem a região da Caxemira como o grande pomo da discórdia. A pressão sobre  o governo de Ali Zardari será dupla. Da população paquistanesa revoltada com a violação do território nacional por outra nação,e  da comunidade internacional que irá cobrar a omissão, para dizer o mínimo, do governo de Islamabad.

Professor Orlando Stiebler
postado originalmente no blog do Canal dos Concursos

5 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa professor! Sempre adorei suas aulas! Você transborda conhecimento e eu vou pegando o que cai por aí. O blog certamente facilitará nossa vida!

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  2. Fato, é o Lobby das empresas americanas de TI com operações na Índia que tem segurado a guerra contra o Paquistão.

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  3. Falaí, professor! Fui seu aluno da ACP em 2008 e suas aulas eram as mais interessantes na minha opinião. Foi com muita satisfação que recebi a notícia de que você criou um blog. Porém, peço que mude o layout, que cansa muito a vista. Não sei se é a imagem de fundo ou a letra branca, ou os dois. Valeu! Abs

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  4. Atendendo a pedidos, mmudo o layout!! Quem manda é o freguês! rsrs

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  5. Fala mestre,sou Aluno atualmente do PLA....Turno noturno PF....
    Dúvida:Existe gabarito dos simulados?

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