quinta-feira, 12 de maio de 2011

CRISE NO MUNDO ÁRABE























2011 começou transformando o velho cenário do Norte da África de maneira avassaladora. Tudo começou quando o jovem tunisiano Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo em total desespero pela falta de perspectiva para os Jovens num país como a Tunísia. Desesperança para os jovens e para os velhos. Ditaduras decrépitas, encabeçadas por senis ditadores, descolados de qualquer realidade, e que ao longo do tempo construíram verdadeiras máquinas de extermínio como no caso da Líbia de Muamar Kadafi. Nesta semana foi noticiada mais uma tragédia no Mar Mediterrâneo, de mais uma embarcação a deriva, sem comida e sem água com crianças e mais crianças. O saldo, 61 mortos.

As tragédias humanas insistem em ocorrer com grande freqüência na África. Especialmente na região conhecida como subsaariana, e que sempre concentrou não só os mais miseráveis países do mundo, de IDHs sofríveis, como também os mais chocantes genocídios. Impossível não mencionar a situação caótica vivida nos anos 90 em Ruanda, onde em menos de 3 meses quase 1 milhão de vidas foram ceifadas a golpes de facão. Ou as lutas fratricidas na Nigéria ou no Congo. Hoje ainda podem se relacionar regiões de conflitos intermitentes como o caso do Sudão de Al Bashir cuja matança na região de Darfur ocorre desde 2003 com um saldo de 300 mil mortos. Recentemente o mundo observou, distantemente, com exceção da França é verdade, o desenrolar dos fatos na Costa do Marfim, país que desde o resultado das eleições de outubro passado vivia sob égide da tensão máxima.

Apesar deste cenário perturbador ainda ser bem vivo nessa parte da África as atenções do mundo estão voltadas para o norte do continente, a parte branca. Uma triste ironia para uma região que sempre teve a expectativa de se tornar uma região próspera e estável, sonho acalentado desde o processo de descolonização da região na segunda metade do século XX. Se havia uma porção do continente que teria alguma chance de alcançar com mais facilidade as metas do novo milênio esse lugar era o Norte da África. Hoje o sonho se desmorona e a primavera dos povos árabes se descortina aos nossos olhos. Primeiro a Tunísia, depois a revolução no Egito e agora a sangrenta guerra civil líbia. Processos absolutamente conectados e que repercutem em diversos outros países do mundo árabe, e aqui se inclui também países do oriente médio. Síria, Jordânia, Omã, Bahrein, Marrocos, Argélia, Iêmen, viram de perto a corrente de protestos iniciada em Túnis.

A insatisfação geral vem conduzindo a movimentos de contestação política e pedidos de democratização nesses países. O temor dos mais conservadores analistas de que grupos reacionários poderiam tomar o poder não vem se concretizando, pelo menos por enquanto. Um bom exemplo é o caso do Egito. País dirigido desde 1981 pelo militar Hosni Mubarak e que após intensos protestos no Cairo sucumbiu à pressão popular. A ameaça da Irmandade Muçulmana de assumir o processo não se confirmou e os militares seguem dando as cartas por lá. Menos mal já que o Egito sempre representou um importante elo entre EUA, Israel e árabes. Desde os acordos de Camp David nos final dos anos 70 o país dos faraós se tornou peça central na geopolítica da região e qualquer mudança pode representar sérios riscos a Israel.

Nos primeiros meses desse ano o mundo viu atônito os acontecimentos na África do Norte, de jovens guerreiros e intermináveis. De dias e mais dias de resistência. E de repressão também. As praças foram tomadas em um coro uníssono contra as tiranias perversas, e essa é a grande resposta dos muçulmanos ao terrorismo e àqueles que imaginam os islâmicos como partidários da violência jihadista de fanáticos, esses sim, inimigos do Islã. A morte de Osama Bin Laden deve ser comemorada e muito. Para os jovens de Túnis, do Cairo, de Trípoli, de Amã, de Sanaa, esse acontecimento deve ter um sabor ainda mais especial já que estes optaram pela boa guerra, a opção diametralmente oposta adotada pelos bárbaros da Al Qaeda.

2011 ficará definitivamente como um ano de acontecimentos extraordinários. Casamento do príncipe herdeiro britânico, tragédia no Japão, num episódio que misturou terremoto, tsnunami e ameaça nuclear, tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, morte do terrorista mais procurado de todos os tempos, e olha que estamos ainda em Maio, ou seja na primeira metade do ano. Se o ritmo continuar grandes acontecimentos nos esperam.

A NASA anunciou a passagem de um meteoro rente a Terra, numa distância menor que a da Lua em meados de outubro ... Xiiii!





3 comentários:

  1. Obrigado por ouvir meu pedido, mas... num sei, ainda não tá bom... Acho que o problema é mesmo a fonte branca sobre fundo escuro.

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  2. Mesmo assim o conteúdo é top de linha. Divulguei no meu Twitter!

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  3. Admiro a belicosidade dos povos árabes, e sou solidário à causa deles. Sou muito interessado em conhecer o mundo árabe e espero que a justiça prevaleça nessa região. Infelizmente eles vivem no coração energético da Terra e com certeza tem dedo dos EUA e/ou da OTAN nessas guerras, assim como no conflito árabe-israelense.

    Malditas cruzadas e maldita invasão européia no mundo árabe e no resto do mundo.

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